22 janeiro 2006

Carta aberta a Adriaanse.

Escrevo-te em português pedindo-te que peças a tradução ao Rui Barros ou um outro tradutor da tua confiança. Bem sei que o prazo a que te proponhas a aprender este idioma já lá vai, também já deves ter aprendido que por cá, normalmente, tudo demora mais algum tempo e prazos não são prazos. Eu mesmo não consegui perceber ainda as tuas tácticas e mudanças estáticas. E tenho-me esforçado.
Mas o que importa, e para isso te escrevo, é dar-te a conhecer um pouco do que se pensa por esta terra e neste clube.
Para os adeptos portistas futebol espectáculo é ganhar. Bem sei que amiúde o tens conseguido mas é pouco.
Outro pormenor importante é que o campeonato por aqui só acaba lá mais para o Verão. No final da primavera para ser mais preciso. Bem sei que as férias que deste aos jogadores no Natal lhes pode ter causado a impressão que tinha acabado, sendo verão em Copacabana. Mas não. Urge rectificar essa informação.
Dou-te também um conhecimento que me admira não te terem dado. As equipas por cá são especialistas em jogar em contra ataque. Se não o jogam sempre, é habitualmente uma rotina bem treinada por qualquer equipa portuguesa. Menos na nossa.
Gostava de concordar com o lirismo do teu futebol contra pondo o cinismo do sistema de contra ataque e de jogar na expectativa do erro do adversário. Tenho me esforçado, cheguei a sonhar confesso.
A propósito do que te escrevi neste ultimo paragrafo digo que o Paulo Assunção tem de jogar, um trinco, essa posição que até tua percebeste que existe e verificaste o resultado na estabilidade da equipa. Foi exactamente quando conquistamos seis pontos de avanço e umas quantas boas exibições, pragmáticas acrescento eu.
E já que falei em nomes digo-te: o Baia, o Pedro Emanuel, o Paulo Assunção, o Lucho, o Quaresma e o Lisandro tem de jogar. A estes acrescento: o Pepe, o Cech e um lateral direito, e aqui está um das competências que te deixo, escolher um destes três nomes: Bosingwa, Ricardo Costa ou Sonkaya (pode ser a sorte). Ora restam dois para teres a equipa base. E deixo-te uma dica, um avançado que marque golos e mais alguém no meio campo e para que não penses que te deixo o mais difícil ainda te posso aconselhar entre o Diego e o Ibson ou até o Jorginho, e que o atacante centro não pode ser nem o Jorginho nem o Lisandro. O Bruno Alves também não.
Como vês ainda tens muita funções a desempenhar. A disciplina da equipa é admirável. Alguns jogadores estão melhores depois de te terem conhecido. Estão por lá outros aguardando a tua igual atenção.
Ora como vês ainda tens muito onde te ocupar, o treino, as folgas e dias santos que tens de planear, a escolha do lateral direito.
Em resumo deixa lá as invenções de iluminado, porque o ultimo Messias que por cá passou ainda está bem fresco na nossa memória e mesmo crentes que somos não acreditamos em milagres todos os dias. Portanto vamos atalhar caminho que isto já está tudo inventado.

Cordialmente

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

o melhor é traduzires tú a carta para holandês, porque ao que parece os adjuntos do co também não devem perceber nada do que ele diz em inglês.

9:44 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Se está tudo inventado, qualquer um de nós poderia ser treinador de futebol. Qualquer um de nós poderia ser um Mourinho ou um Crujf.

Este treinador é da escola holandesa, a mesma que por diversas vezes pôs o Barcelona a jogar o futebol mais espectacular da Europa. Sucede que não aconteceu no 1º ano nem o FCP tem dinheiro para comprar os jogadores do Barcelona.

Eu acho que vale a pena esperar para ver, outros acham que não e desesperam antes do tempo.

É óbvio que ele só arrisca jogar assim porque o adversário era fraco, mas que este é o sistema adequado para equipas que vêm pôr o autocarro à frente da baliza, lá isso é.

4:54 da tarde  

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